O modelo de avaliação biopsicossocial vem ganhando força no cenário da educação inclusiva. Práticas que permitam dar espaço a visibilidade das diferenças e a participação dos discentes dentro dos diálogos na comunidade escolar, são implementadas como meios democráticos no calendário de atividades durante o ano letivo. No entanto, ainda percebemos que a conduta inadequada ou a dificuldade de aprendizagem de crianças, no cotidiano escolar, ganham notoriedade, na contemporaneidade, como um problema que, muitas vezes, precisa ser analisado sob a luz do conhecimento e discurso médico/ orgânico, sendo este considerado o saber hegemônico. Não é diferente na escola especializada para deficientes visuais, cujos professores e profissionais da educação precisam utilizar estratégias pedagógicas específicas, para o processo de ensino e aprendizagem entre professor e aluno (a). Os professores, psicólogos, entre outros profissionais, sobrecarregados e preocupados com as inúmeras demandas diferentes apresentadas pelo contexto escolar, podem vir a constatar que suas estratégias pedagógicas e de intervenções são insuficientes. Assim, as dificuldades encontradas pelos profissionais , nos relacionamentos com os estudantes, em sala de aula, ou as dificuldades que os alunos (as) apresentam, na aprendizagem, são direcionadas à família a fim de que ela procure uma resposta para o problema, junto aos profissionais de saúde. O objetivo é que este profissional justifique as impossibilidades de trabalho, em sala de aula. Por meio de laudos, diagnósticos, medicamentos, terapias ( principalmente as cognitivo-comportamentais), entre outras, as famílias buscam explicações que deem nomes às condutas ou às dificuldades encontradas pelas crianças. Essa busca tem como objetivo que o diagnóstico justifique a maneira como a criança se comporta ou que explique a sua dificuldade de aprendizagem, na esperança de que o problema seja, justificado, compreendido ou resolvido. Mas será que endereçar à família para que esta procure junte aos profissionais de saúde uma resposta para o problema irá resolver a dificuldade encontrada pelo estudante? Será que “nomear”, por meio de um diagnóstico, aquilo com que o profissional da educação não sabe lidar é um método eficaz? Qual o papel da família em uma situação em que a criança apresente determinadas dificuldades na escola? Qual o papel dos profissionais de saúde? E finalmente, qual o papel da escola? Objetivo: problematizar a medicalização das condutas inadequadas nas escolas e refletir sobre os respectivos papéis da família, da escola e dos profissionais de saúde, dentro desta perspectiva . Aspectos teóricos. A discussão será baseada pelos postulados teóricos encontrados no referencial teórico, a seguir: Entrelinhas (ORNELLAS; FORNARI, 2016); Medicalização da Infância; Avanço ou retrocesso? (FRANCO; Mendonca, TULESKI, 2020); Medicalização em Psiquiatria (FREITAS, AMARANTES, 2015); Psicologia e ideologia (PATTO, 1987), Por que a psicanálise? (ROUDINESCO, 2000); Metodologia: será realizado um debate, por meio de uma Roda de Conversa, cujos mediadores irão apresentar temas específicos na área da medicalização da infância. A interação entre os mediadores acontecerá por meio da exposição oral do relato de experiência que cada componente trará como disparador do debate, como também, resultados de pesquisas desenvolvidas pelos participantes sobre o tema da medicalização na infância. O debate será mediado por profissionais representantes da área de psicologia escolar, antropologia, pedagogia, psiquiatria na saúde coletiva e psiquiatria clínica psicanalítica.
Palavras-chave: Infância. Conduta. Medicalização. Família. Escola. Saúde.
Enquanto tema, a roda de conversa se localiza no campo de estudos da educação, da saúde e da qualidade de vida das pessoas com deficiência visual (DV) e outras deficiências. Pensando nisso, esta proposta tem o seguinte objetivo: discutir, com base no diálogo entre profissionais do IBC e as demais instituições para pessoas com DV e múltiplas deficiências, o agravo das expressões da questão social no que tange a saúde, a qualidade de vida, a comunicação e a proteção social destes sujeitos. Através dos processos de trabalho dos proponentes, sustentada em uma perspectiva crítico-dialética e na tradição de pensamento dos autores do modelo social da pessoa com deficiência, Satow, Amaral e Diniz, serão evidenciadas as estratégias psicopedagógicas e sociais que favoreçam, a partir do paradigma da inclusão, a comunicação, a formação e a valorização da qualidade de vida enquanto respostas para a autonomia das pessoas com DV e múltiplas deficiências, frente ao contexto desafiador da pandemia da COVID -19. Desta forma, os proponentes da roda lançam mão da observação participativa para exporem as estratégias profissionais utilizadas em seus espaços sócio-ocupacionais, no IBC, e assim contrastarem com outras realidades institucionais através de uma interação dialógica com o público presente.
Palavras-chave: Saúde. Qualidade de Vida. Deficiência Visual. Múltipla Deficiência. Social. Comunicação.
O Sistema Braille foi criado em 1825 pelo francês Louis Braille e consiste em um código universal formado pela combinação de seis pontos em alto relevo que representam as letras do alfabeto, números, sinais de pontuação e acentuação, entre outros. O braille possibilita às pessoas cegas o acesso ao conhecimento e favorece a independência e o pleno exercício da cidadania desse público (CERQUEIRA, 2009). Ao longo dos últimos anos, no entanto, vem crescendo um movimento denominado “desbrailização”, que nada mais é do que a substituição ou a subutilização do Sistema Braille (BELARMINO, 2001). Com o advento das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), a acessibilidade a conteúdos e conhecimentos diversos por meio da internet tornou a vida de todas as pessoas, com ou sem deficiência visual, muito mais prática (MORAN, 2015). Sendo assim, esta roda de conversa tem por objetivo trazer à reflexão o fato de que as tecnologias, de uma forma ampla, aparentam suprir todas as necessidades do conhecimento, inclusive aquelas relacionadas à alfabetização. O Instituto Benjamin Constant (IBC), mesmo durante a pandemia de COVID-19, empreendeu esforços para que os alunos recebessem apostilas e também manteve a distribuição das revistas em braille – Pontinhos e RBC –, acreditando que, com essas ações, pudesse minimizar os impactos sofridos pela redução do contato com o braille. De acordo com as observações e diagnoses realizadas pelos professores do IBC, a diminuição da vivência cotidiana com o braille trouxe comprometimentos significativos aos alunos, pois mesmo aqueles que liam e escreviam fluentemente em braille, antes da pandemia, regrediram tanto na leitura como no domínio da escrita do sistema. Desse modo, como motivação inicial para a roda de conversa, promoveremos a leitura de uma reportagem específica sobre o tema em foco e, após a exibição dessa reportagem, serão feitas algumas perguntas por parte dos apresentadores, e todos os participantes terão a oportunidade de expressar suas impressões a respeito da temática abordada. Com base no panorama atual, é interessante, portanto, pensar em uma aprendizagem blended, ou seja, híbrida, dentro de um modelo de desenho universal, em que o aprendizado seja amplo, ilimitado e oportunizado de diferentes maneiras (MORAN, 2015). As tecnologias devem, pois, integrar, complementar e não substituir o aprendizado do Sistema Braille. É necessário que esse processo seja rico e, ao mesmo tempo, desafiador para quem aprende e para quem ensina. Em vista disso, não há dúvidas de que o movimento de desbrailização demanda profundas reflexões e discussões.
Palavras-chave: Deficiência Visual. Desbrailização. Leitura e Escrita em Braille. Tecnologia.
Num momento em que se discute diversidade e acessibilidade, buscar entender a forma como a pessoa com deficiência visual constrói o conhecimento do mundo ao seu redor e expressa este conhecimento no seu cotidiano é primordial em qualquer atendimento. O objetivo é que os participantes da roda de conversa discutam a importância do teatro como ferramenta para interagir com o mundo cego, dar voz e protagonismo as pessoas com deficiência, podendo ser utilizado e enriquecer qualquer atendimento (fonoaudiologia, psicologia, psicomotricidade, etc.). E percebam também que o teatro facilita o desenvolvimento de vivências que permitem a pessoa com deficiência visual se expressar a seu modo, sem necessariamente seguir parâmetros da cultura visual. Para tanto, será utilizada a exemplificação da trajetória de vinte e cinco anos da autora como professora de teatro e seu trabalho a frente de dois grupos de teatros formados especificamente com atores com deficiência visual. O trabalho é embasado na Teoria e Arte Teatral, de Stanislaviski, e no Teatro do Oprimido, de Augusto Boal. O primeiro traz o método da análise ativa, aonde a experimentação, a vivência concreta das situações se faz necessária para a construção de cenas e personagens; o segundo discute, através da prática, a dicotomia opressor x oprimido, tema familiar as pessoas com deficiência visual que vivenciam a opressão em tantos momentos de suas vidas. Durante a conversa, será proposto exercícios de sensibilização individuais e/ou em grupo sobre o tema e que podem ser realizados pelos participantes online e presencialmente. Os exercícios complementarão e fomentarão o debate.
Palavras-chave: Teatro. Protagonismo. Vivência. Opressão. Expressão.
As experiências vividas na infância formam a base do desenvolvimento infantil e são apontadas como “uma janela de oportunidades [...] para o aprendizado, o desenvolvimento, o bem-estar social e emocional das crianças” (UNICEF, 2017). Atualmente, vários estudos retratam a importância de se oportunizar estímulos apropriados para o desenvolvimento global da criança na faixa etária de zero a quatro anos de idade. No caso de crianças com deficiência visual, os estímulos nesse sentido, tornam-se ainda mais necessários para evitar possíveis atrasos secundários à sua condição visual. Portanto, esta roda de conversa tem o propósito de dialogar sobre a importância da estimulação precoce, no viés pedagógico, para o desenvolvimento da criança com deficiência visual na primeira infância, destacando e divulgando ações bem sucedidas promovidas pelo Instituto Benjamin Constant para a sociedade, além de propiciar aos participantes reflexões, subsídios e trocas de experiências referentes às peculiaridades destas crianças. Para tal, será abordado dois subtemas: a importância do brincar para a construção do conhecimento, tendo como referencial teórico Vygotsky (2007) e sua reflexão sobre a importância da cultura (social) para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores: e a relevância da parceria entre o professor estimulador e a família da criança com deficiência visual. Neste ponto, utilizaremos as ideias dos teóricos, Bruno (2001) e Wallon (2006), reforçando aspectos emocionais e afetivos de acolhimento à família da criança. A metodologia utilizada será centrada no diálogo acerca das especificidades da criança com deficiência visual, relatos de experiências derivados da prática pedagógica no Instituto Benjamin Constant e apresentação de recursos audiovisuais, assim como a exposição de materiais confeccionados e/ou adaptados para o desenvolvimento do trabalho com os alunos.
Palavras-chave: Estimulação Precoce. Deficiência Visual. Desenvolvimento Infantil. Práticas Pedagógicas. Brincar.
Nas últimas décadas, se observa mudança no perfil dos alunos no Instituto Benjamin Constant (IBC), além disso nota-se o surgimento de programas e na organização para atender as demandas dos alunos com necessidades educacionais para além da deficiência visual tanto no IBC quanto em outras instituições ao redor do mundo, em razão dos sucessos das políticas internacionais de inclusão e do advento da medicina neonatal que vem proporcionando redução da morbidade e mortalidade materna e perinatal. Durante a experiência que os PROPONENTES tiveram no Programa de Liderança Educacional (Educational Leadership Program - ELP) oferecido pela Perkins International, um programa de capacitação de professores e especialistas que atuem na área da deficiência visual, deficiência múltipla e Surdocegueira, foi possível observar similaridades entre as mudanças do público atendido pelas instituições educacionais na área da deficiência visual. Encontra-se na capacitação oferecida pela Perkins, através de proposta contextualizada à realidade dos países dos PROPONENTES que respondem às demandas educativas dos estudantes com deficiência múltipla e Surdocegueira. A presente proposta de Roda de Conversa busca apresentar os aspectos educacionais para estudantes com deficiência múltipla e Surdocegueira que tem como fundamentos o trabalho com as famílias, desde um planejamento centrado no estudante, em uma concepção que considera o sujeito integral, na qual, saúde e educação se fusionam para atingir aos objetivos de uma proposta interdisciplinar e um enfoque baseado na comunicação. A metodologia da presente proposta de Roda de Conversa se dará por apresentação expositiva das ideias, fazendo-se uso de apresentação de imagens, gráficos e vídeos, além de designar um momento para fala dos congressistas participantes e de uso de quadro virtual para possibilitar uma maior participação de todos.
Palavras-chave: Educação Especial. Deficiência Múltipla. Famílias. Comunicação. Abordagem Integral.
Esta roda de conversa propõe algumas reflexões sobre a revisão de textos no Sistema Braille, etapa extremamente importante para a boa qualidade dos textos neste formato que chegam às mãos de alunos e professores. A roda tem como objetivo reunir profissionais que trabalhem com revisão em braille nos diferentes locais do país, para um debate mediado sobre as diferentes realidades a respeito da revisão de textos em braile Brasil afora. Poderão participar também profissionais interessados no tema, mas que não atuem diretamente na área. Trataremos das diversas etapas do processo de revisão: primeira revisão ou revisão de confronto (revisão feita por um revisor e um transcritor) e segunda revisão ou revisão silenciosa (em que, com a obra prestes a ser finalizada, o revisor se aterá a detalhes que passaram despercebidos na primeira revisão). Abordaremos ainda a experiência do curso técnico em revisão de textos no Sistema Braille, oferecido pelo Instituto Benjamin Constant (IBC) em três anos, a partir de 2019, que tem por objetivo formar profissionais na área da revisão de textos em braille, com vistas a prováveis contratações destes profissionais por estabelecimentos que ofereçam quaisquer serviços em braille. Haverá também depoimento de revisores que trabalham no IBC e que compartilharão com os participantes suas experiências cotidianas a respeito da revisão de textos em braille. Os documentos que embasam o tema de discussão proposto são as diversas grafias e códigos que definem as normas de utilização do Sistema Braille: “Grafia Braille para Língua Portuguesa”, “Normas Técnicas para Produção de Textos em Braille”, “Código Matemático Unificado” (CMU), “Grafia Química Braille”, “Grafia Braille para Informática”, “Estenografia Braille para Língua Portuguesa” e “Manual Internacional de Musicografia Braille”. Como metodologia, procuraremos ouvir e acolher os inscritos para saber como ocorre a revisão de textos no Sistema Braille em seus locais de origem, buscando a troca de experiências que será mediada a partir de nossas vivências no Instituto a respeito deste trabalho tão importante, mas sempre levando em consideração as diferentes estratégias trazidas pelos participantes a partir dos desafios que se apresentam a eles em seus cotidianos.
Palavras-chave: Revisão de Textos em Braile. Sistema Braille. Troca de Experiências.
Entre as principais e essenciais iniciativas para se efetivar a inclusão dos alunos com deficiência nas escolas, destacamos a formação dos professores para atuarem no campo da diversidade. Ao nos debruçarmos sobre as pesquisas na área da formação docente, se verifica o quanto as formações, tanto inicial quanto continuada de professores para atuarem em contextos inclusivos, ainda são precárias para atender, de forma satisfatória, a demanda crescente de alunos com DV nos diferentes níveis e segmentos escolares. Dessa forma, percebe-se o quanto ainda se faz necessário um trabalho efetivo de sensibilização e capacitação de profissionais da Educação, notadamente por parte de instituições comprometidas com a inclusão das pessoas com necessidades educacionais específicas. Por essas razões, justifica-se a elaboração de projetos, como o aqui apresentado, que ampliem, melhorem e inovem o atendimento desse alunado, nesse caso, por meio de debates e discussões entre os que vivem esta realidade e demais interessados no tema. Dessa forma, nessa roda de conversa pretende-se dialogar sobre a formação continuada ouvindo os participantes em suas experiências pessoais e profissionais, visando trocas horizontais de saberes e reflexões norteadores de caminhos para propostas que preencham lacunas das formações docentes nas diferentes regiões e realidades do país. Servindo de eixo condutor para as discussões, teremos ainda a ação do IBC nesta seara, uma vez que a Instituição colabora há anos, e de maneira sistemática, na implementação dessa política no Brasil, dando suporte a instituições em estados e municípios com ações de formação continuada na temática da deficiência visual, promovendo cursos com característica extensionista em diferentes modalidades e, recentemente, de pós-graduação, lato sensu e stricto sensu. Nesse sentido, a roda também nos oportunizará refletir, ainda que a partir de um recorte específico, sobre o alcance e o impacto da ação do IBC no que diz respeito à formação de professores, além de permitir que as ações da instituição neste sentido sejam divulgadas.
Palavras-chave: Deficiência Visual. Formação de Professores. Inclusão.